domingo, 9 de dezembro de 2007

Todo dia, um novo dia...

Parecia que ia transbordar. O pote já não aguentava mais tantos pingos e gotas, tantas amargas e difíceis. Tantas dolorosas e solitárias. E com toda a pressão, de repente, parecia que ia rachar, partir-se nos mil pedaços, como aquele prato que quebrou outro dia. Dizem que quando se quebra um prato sem querer é sinal de sorte. E deve ter sido mesmo...
Mesmo em dissabores e amargos alheios, o mundo acaba girando. Os copos ganham lugar na prateleira, a poeira comoça a passar mais distante da janela... E os dia estão sendo tão preenchidos que acaba nem dando tempo de pensar em... nada, por exemplo.
Às vezes, as palavras se tornam repetidas. Pela necessidade, agora. Não por falta do que dizer.
E amanhce mais bonito, agora. Porque ontem nem deu tempo de dormir enquanto era noite.
E por um dia isso fez bem.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Pensa-a-mente

Não sei se amanheceu,
não sei se a saudade foi embora e esqueceu de bater a porta,
mas faz frio aqui.
A porta aberta mostra que até ela partiu.
Me deixou com meus pensamentos,
e às vezes penso tanto, que até deixo para existir mais tarde,
na hora do café.
E é nesse dia que deixo de olhar pela janela,
deixo de sentir o calor desse sol cinza que espelha pelo vidro do quarto.
E enquanto o som dos carros passam apressados pelo vácuo da altura,
Eu tiro fotos de um beija-flor que bebe na garrafa onde guardei os sonhos.

Se ele os levar para o alto, parto daqui para um banho frio.
Antes mesmo do despertador tocar.
Por que hoje - dizem -, é um dia 'útil'.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

[.D.e.s.t.i.n.o.]


Vem que não tem hora,
Que a chuva la fora chove só pra quem chora.
Vem, mas vem sem demora,
Esquece o frio, o cobertor, e vem.
Corre, que te esquento nos braços,
Te arrebato os anseios e te lavo em beijos.
Anda, que às vezes o tempo voa,
E quem se perde no caminho,
Acha que perdeu um pouquinho à toa,
E só vê que já é tarde, quando a noite vem e invade.
Vem, voando entre as flores,
Traga os perfumes da tarde,
Carregue os amores e rios,
Escreve a tua história na borra de café,
Enquanto eu vejo o teu futuro nas linhas das minhas mãos.
Voa, voa, sereno,
Enquanto está fresco o veneno
Que tenho pra lhe enfeitiçar.
Não, não é de sangue que se faz a paz.
É da chuva, do sol, de bem mais.
Corre, que o vento que traz consigo,
É o teu maior amigo, quando o tempo silencia
E quando os campos de trigo anunciarem,
Eu saberei que estás por perto,
E aí, como num tiro certo,
Abrirei os braços para te cercarem.







segunda-feira, 23 de julho de 2007

Espiral...


"...se nada tem um fim,
quem é que fez o não,
se a nossa vida quer assim?

eu viajei no tempo só por você
e me perdi no final quando encontrei seu olhar
nossos destinos desenhando espirais,
eu entendi o sinal pelo seu jeito de rir pra mim..."



Pra que querer sempre entender o que se passa no coração, na mente?
É tão bom quando você se surpreende, se perde e se encontra tranquilo sentado à beira mar vendo um por-de-sol. É bom ver o sol na janela enquanto o mundo dorme...
Não espero demais, não espero. Não adianta querer amarrar ou mandar no Tempo...
Tempo é Senhor. E nós? Nós seguimos esperando um encontro. Um sorriso, um abraço.
Mas é o Tempo quem diz. E quando ele pousar no seu ombro como uma borboleta, você saberá que estou pensando em ti.
Deixe o sol entrar pela janela... Deixe o beija-flor te beijar e contar-te uma história ou um segredo ao pé do ouvido. Mande cartas, envie sonhos, cheiros, beijos e desejos.
E quando completar o dia, assista as estrelas que correm pelo céu. Compartilhe seus sonhos com a lua, e ela te contará os meus. Guarde com você. São seus também.
E eu viajarei pelo mundo, até encontrar o seu sorriso.
Tem muito mais nas entrelinhas, tem mais nos olhares. Mas deixo o Tempo falar por mim...
Enquanto ele silencia e sorri, lhe desejo bons sonhos.
Que os anjos cuidem de ti...


sexta-feira, 20 de julho de 2007

[quando o vento sopra os cabelos]

Se abraçaram como se fosse a última vez. Se entreolharam, sorriram. Algumas lágrimas escorreram pelo rosto. Já era noite e não poderiam mais ficar ali por muito tempo. Ainda deu tempo de olhar o céu e observar o passeio de uma estrela pela imensidão de veludo negro. Deram as mãos, porque realmente não sabiam o que fazer com elas. A sensação de tempo e espaço já não falava mais alto que os outro sentimentos. Naquele dia parecia tudo parado. Nenhuma brisa sequer. Pararam para prestar atenção no barulho do mar que quebrava suas ondas em areias distantes dali. Deram um passo, sem saber ao certo em que direção. Palavras trôpegas em função dos goles de vinho. Sim, era saudades o que sentiam. Mesmo estando juntos. Saudades, pensaram e repetiram baixinho. Quase uníssono. O tempo parou quando os olhos se entrecortaram. E sentiram vontade de estarem juntos, mesmo estando. Sentiram, mesmo sem perceber, vontade de se conhecerem. De novo, como se fosse ontem, como se fosse a primeira vez. Mas nunca a última. E não seria. Mesmo que o coração apertasse tanto que até fazia parecer que era. Um vento agitou as folhas das árvores ao redor. Soprou nas costas, nos cabelos. Espalhou e misturou os sentimentos deles em um só. Sabiam que o tempo esgotara. Era preciso partir. Despediram-se do espelho d'água já agitado. Despediram-se da grama. Despediram-se das saudades e depois as guardaram no peito, pra mais tarde rever. Despediram-se com olhares. E seguiram seus caminhos, nos mais completo e perfeito silêncio.

Além deles, só a Lua pode contar. Mas ela é cúmplice.

terça-feira, 10 de julho de 2007

"Sabe aquele país?!..."

"...quando eu não estiver por perto
canta aquela música que a gente ria
tudo que eu cantaria
e quando eu for embora você cantará
não me fale do seu medo
eu conheço inteiro sua fantasia..."


[Em meio à tantas cadelas, tchutchucas, pitboys, playssons, e outros adjetivos e caracterizações sim-pá-ti-cas como essas, ainda é possível conseguir viver. sozinho, trancado em casa. ou quase isso. na verdade, dá pra sair de casa, só não more longe, perto da barra e nem pegue ônibus as quatro da manhã. chegue atrasado no serviço, diga ao seu chefe que agora só pode trabalhar esse horário. tenho certeza que ele vai se com-pa-de-cer de você, porque na certa, ele vai de carro e não tem a metade do SEU trabalho para chegar ao trabalho DELE. disista de ter dinheiro... você vai perdê-lo na próxima esquina antes de chegar em casa. não pense no governo, nos 'calheiros', nas malas (e por que não dizer NOS malas, também?!), nos cofres, no dinheiro público. esqueça isso! agora é hora de pensar no Pan2007, nos turistas, nessa belezura toda que é esse espetáculo mundial do blá-blá-blá... vamos passar em frente a Vila PanAmericana, colorida, grande e aparentemente bem construída. Mas faça o retorno bem feito, afinal você não quer cair em nenhum lugar errado por ali... vamos posar para fotos como semi-primatas, vamos dar depoimentos sobre o rio para a televisão estrangeiras, onde eles não farão a menor questão de levar ao ar ou sequer colocar uma legandazinha (ao contrário do que nós fazemos). comprem todos os jornais, mas leia somente o caderno de esportes. não vai haver nada mais completo em matéria de conteúdo. deixe o Veríssimo, o Jabor de lado. eles não sabem nada de esportes mesmo... enfim, mude a estação para uma rádio mais animada, cheia de notícia im-por-tan-tís-si-mas sobre coisa-nenhuma, e com músicas bastante poéticas, esbanjando Lamboghinis, dinheiro, fama-efêmera, bundas, rabos, dinheiro, bundas (acho que já tinhas citados as bundas...). Sem contar no valor ao próximo, às mulheres, e a tudo que o mundo não precisa. afinal, mais dia ou menos dia o aquecimento global vai assar não só o cérebro alheio - como já tem feito. vai assar o planeta inteiro. mas quem se importa com isso?! afinal o LiveEarth foi ótimo mesmo... o-Rio-de-Janeiro-estava-precisando-de-um-puta-show-como-este-às-vesperas-do-Pan... e as garrafas de vidro e latinhas subiam excitadas ao céu, prontas pra cair sobre um despreocupado por ai. e qual era mesmo o motivo do show?! bem, deixa pra lá. se alguém quiser uma carona para a Lua, parto em dois dias.]


[qualquer semelhança com a realidade do nosso Brasil-varonil é mera... bem, você escolhe.]
próximo presente de natal: um tapete voador.


seria melhor se ele chegasse antes do Natal... que tal amanha?!
vontade de sair voando por ai...



"tantos outros mundos, tanto pra nós dois.
entre tantos mundos, entro e deixo o mundo pra depois..."
- e os dias que a gente sai do ar?!
- sair do ar?!
- é...
- *
- sabe quando você pensa tanto em tudo e de repente algo rouba sua atenção... toda.
- às vezes eu saio do ar também, então...
- hoje eu resolvi fazer isso. eu sai comigo mesmo pra passear... correr, na verdade...
- como você faz isso?
- eu não sei bem ao certo. mas hoje eu me convidei à ficar comigo... precisava dessa hora.
- é meio louco, isso, não acha?
- uhum, mas ser normal me irrita...
- quer passear comigo... agora?
- por uma hora?
- pelo tempo que você quiser...

ele aceitou. ela riu. conversaram até amanhecerem, ali, na praia... e depois nunca mais foram vistos.

tenho certeza de que foram passear por outros planetas. eles não perteciam a um lugar só. fiquei feliz quando se conheceram. e fico feliz por tê-los conhecido.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

"a vida correndo e eu aqui..."


Eu não sei bem ao certo o que acontece. O que me invade os olhos de súbito. Só sei que o avistei mais uma vez. Ah, tanto tempo longe, sem notícias dele. O sol se pondo, indo dormir naquele infinito de águas, que mais parecia um espelho púrpura. E eu não sabia o que mais me levara àquele lugar. Talvez as saudades, talvez a vontade de me perder. De me encontrar fora dali. Fora de tudo por algumas horas. Enquanto caminhava na areia em sua direção, percebi suas asas se agitarem levemente. Ele não precisou se virar. Apenas ouvi a sua voz junto com o vento que soprava meus cabelos desajeitados: Sabia que poderia te encontrar aqui. É, e eu sabia disso também. Talvez aquela vontade repentina de voltar à praia era justamente por sentir que o encontraria ali. Nos alinhamos entre a areia seca e o espelho púrpura de águas. Sem olharmos nos rosto um do outro, nos vimos naquelas águas. E estávamos mais diferentes e iguais do que nunca. Eu me reconhecia nos seus olhos. Ele nos meus. E mais um turbilhão de coisas passava pela minha mente quase na velocidade-da-luz. Tanta coisa pra perguntar, pra dizer. Tanto futuro pra saber. Tanta nostalgia pra tirar dos bolsos pesados... Mas sentamos e esperamos o sol partir por completo. E quando o espelho se tornou prateado, fechei os olhos, e ouvi nos seus suspiros, todas as palavras que precisávamos trocar. E eu sei que também não precisava dizer mais nada. O olhos azuis-brilhantes se cruzavam sob nenhum suspeita. Sem nenhum segredo. Era hora de partir. Sorri. Um sorriso quase molhado, quase amarelo de saudade. No abraço, voamos o mais alto que poderíamos naquele momento. E ao tocar o chão, percebi que mesmo na distância, estaríamos sempre juntos. Porque era ele. Porque era eu...

sábado, 16 de junho de 2007

Tem dias que a gente acha que tá caindo o mundo de chuva lá fora...
Dá preguiça de chegar na janela, de olhar o mundo lá fora. O sol já está de partida quando você resolver levantar. Se destrancar. Sai às ruas percebe que o dia está, na verdade, bem melhor do que ontem...
Estranho, assim mesmo.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Dia dos Namorados?! Humpf!

Dia dos namorados: aquele dia datado no Brasil por 12 de junho, que serve para aumentarem as vendas do comércio, e em consequência, o peso e a barriga dos solteiros, e por que não dos pombinhos também... São chocolates de presente. Ou os solteiros se trancam em casa e se enchem sorvetes, pipocas... E o que dizer das choppadas pra afogar as mágoas... Mas não adianta, elas já aprenderam a nadar desde o século passado. E pra não dizer que não falei das flores, acho que vou tomar um banho de rosas brancas... vermelhas, amarelas, de vence-demanda, de descarrego, sal-grosso, e sabe-se-mais-o-que...

Dia dos namorados podia ser na véspera de Natal. Pelo menos desviava um pouco mais a atenção.
Namorados... Humpf!

P.s.: Talvez isso seja um texto fictício. Talvez não. Enfim... Hoje podia ser sábado pelo menos.

domingo, 10 de junho de 2007

12 anos

Sentou-se para escrever. Aproveitou que a música tocava alto só no seu ouvido, estonteante. Esqueceu do mundo além daquela tela. Riu com os olhos brilhantes, que logo se encheram d'água. As lágrimas hidratavam as lembranças, a saudade. Lembrou do seu corpo ainda pequeno, despreocupado, correndo pelo quintal de uma casa não muito distante de onde estava agora. Lembrou o latido dos cachorros que teve. Lembrou da partida da cada um. Virou pro lado e se viu abrindo sua lancheira, no recreio da escola. As brincadeiras no parquinho, os namoricos. Aquele cheiro de infância invadiu a sala. Logo estava atônito, perdido num mundo nem tão distante. Esse mundo não tinha dor, só cores, sorrisos. Um choro vez ou outra, que pouco durava. Nesse mundo tudo era animado, vivo, pulsante. Não havia mal; e quando sim, sempre levava uma lição e tudo ficava bem. Chorou saudoso e dolorido. Pensou nessa geração: digital, separada, quase inerte, cheia de medos, inseguranças. São tantos males pra se combater hoje em dia... Para onde foram os super-heróis? Procurou os estrelas. Elas estavam turvas por causa da fumaça dos carros, fábricas. Procurou um desenho pra assistir, mas era tanto sangue, tanta maldade, que resolveu deixar o dvd de lado. E ele só queria achar aquelas fitas vhs emboloradas pelo tempo. Pensou em ir a um sebo, só pra sentir aquele cheiro de anteontem. Mas já era tarde e não seria seguro ficar andando por ai sozinho àquelas horas. Voltou-se aos seus pensamentos. Cerrou os olhos e lembrou-se das fadas, dos seres encantados. Certamente eles já não andam mais por aqui por perto; foram em busca de alguma floresta... se é que ainda existe alguma. Sentiu a boca seca e foi até a geladeira; não tinha grapette. Conformou-se com sua dose de uísque 12 anos. Perguntou-se onde estava e o que fazia há exatos 12 anos... Foi mais longe, ponderou se ainda estará aqui daqui a doze... dez. Teve realmente vontade de saber se sobrará alguma coisa para as próximas gerações. Ajeitou-se, desajeitado, na poltrona. Sofreu consigo mesmo a dor da incerteza e, por um segundo, quase desistiu de ter filhos... Definitivamente não quer que eles sofram o que está por vir, o que já está por aqui. Tirou o casaco. Fazia calor agora. Mas estamos no verão - pensou. É o aquecimento global - respondeu sua consciência. E por hora, ele não quis mais escutá-la. Já havia um cansaço natural do dia corrido, e a dúvida do amanhã incerto já estava lhe causando desconforto. Escreveu uma lista de meia dúzia de coisas que gostaria de fazer até o fim do ano, mesmo sabendo que o tempo e o dinheiro - ou melhor, a falta deles - não lhe permitiria realizar sequer a metade. Sentiu saudades das 'vacas gordas'... Hoje elas andam tão magras com essa coisa de 'mundo da moda'. E por falar em moda, vaca já saiu de moda faz tempo. Agora são listras, zebras... Só essas coisas que não existem no Brasil. Acendeu um cigarro... lembrou-se das propagandas antigas. Naquela época, nem o cigarro fazia mal. Hoje até a água faz. E o que dizer do ar? Desenhou um bonequinho numa caderneta de recados em cima da mesa. Até o bonequinho lhe pareceu triste. Sentiu saudades das gargalhadas que dava em frente a televisão alguns anos atrás. Hoje, ele não assiste nem o jornal. Já sabe que foram roubados não-sei-quantos-milhões, morreram não-sei-quantas-pessoas... O cigarro terminara de queimar quase que sozinho e ele ainda não tinha tido nenhuma idéia do que escrever naquele papel. Tomou o último gole do uísque e seguiu pra cama meio tonto. Levou consigo o caderno. Ainda em transe entre o ontem, o hoje e o possível amanhã, conseguiu resumir seus devaneios antes de apagar solitário naquela cama, sem antes ouvir um conto de fadas - ou de farsas. Podia-se ler as letras tortas naquele caderno jogado no canto da cama... E lia-se: 'saudade'.

[MarcusFaro]

sábado, 9 de junho de 2007

Sabe quando parece que tá tudo dando na mesma?! Pois é... É extamente quando não dá certo, o que seria bom; mas também não dá errado, o que seria bem pior. Mas é uma monotonia chata, entediante. Sim, uma 'monotonia entediante' e entenda por isso mesmo. Não é acido, não é doce...

É assim, meio sem cor, sem graça. E nem da pra ver a Lua daqui de dentro.

Vênus

Não sei porque, mas é sempre ela. Estrela D'Alva. Da manhã. Planeta.
Começa a anoitecer. Meus olhos buscam o céu. Ela me encontra.
Sorrio, sempre.
Como um imã, uma atração transcedental.
Uma combinação de vontades: a de ir até lá, e a de que ela venha a mim.
Não sei se ele, se ela. Mas sei que está lá.
E fico triste quando não encontro seu brilho no céu.
É dela - ou de lá- que vem algo que não sei bem o que é.
Energia. Fonte de criação, de inspiração, de piração.
Não sei ao certo do que consiste. Mas é próximo.
É infinito. É particular.