sábado, 27 de dezembro de 2008

_metro: quadrado/

mais sensível que uma manga madura,
mais torto que mangueira velha,

mais choroso que a Velha Guarda da Portela
mais chuvoso que o tempo lá fora.
intempestivo: líquido.

de sólido, apenas a solidariedade de sofrer só.

sem deixar o telefone tocar,
para não atender, não chamar teu nome
ou qualquer outro que seja.

mais nublado que os dias sem sol,
mais claro que a lâmina afiada a cerrar meu peito
mais dolorido que o sangue a me escorrer às veias.

mais louco que Pink Floyd,
mais triste que antes de um telegrama
sem passar ou bagunçar o leçol da cama

enquanto chove (e só chove) lá fora,
faz um frio vazio no peito
a cortar o ar. e só.

mais consciente do espelho de cristal,
do bem que busco fazer,
das senhas, dos sonhos. do amor,
mesmo a morrer.

mais cuidadoso que o jardineiro do vizinho.
e mesmo assim, pequeninho,
limpando as flores do mal.

mais elegante que o por-do-sol do arpoador,
mais confiante que o eterno navegador.

assim, torto, direito.
sem ater certo ou errado:
cada um no seu...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

nós: linhas





















ainda não consigo me acostumar a ter ver: fotos

sinto falta do olhar pra mim: presente

do brilho inquestionável: sempre

do riso tranquilo ao caos de encontrar -

saudade

do laço, do abraço, do toque: troca

dos carinhos, afagos, aconchegos: escondidos


do que dizemos e sentimos: silêncio


do que sinto e não minto: você

do que me fazes: falta


de quando: amanhã


pra perder: te ganhar


a minha troca: certeza


do resto, não sei dizer.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

_helenística...

mesmo sem falar, dissemo-nos todas as coisas. e ainda rimos das outras,
a parte.
não parece fazer sentido algum,
nem qualquer imorta talvez entendesse o que se passa.
é de cór,
estar em teu quarto, me perder pela parede de cores,
palavras de música, e fotos - muitas comigo,
muito de nós ali.
sonhar pela janela, enquanto o último cigarro da noite queima
saber que dissemos, e rimos - e sabemos um do outro,
de tudo.
é sempre bom, minha princesa do castelo, me sinto seguro
minha cigana, porto de abraços e saudades, sempre
e tanto.


é incrível o poder de estar contigo. é sempre nosso. essencial.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

deixa...

"e o que era
era a seta no alvo
mas o alvo na certa
não te espera..."
às vezes, a vontade maior é de falar. sair pelas ruas, gritando alto. rasgando os panos, os cartazes.
mas hoje é dia de silêncio. pensar nos olhares, em tudo que seria pra dizer e não foi dito. só sentido; lágrimas de diamantes e abraços de chocolate e bala. coisas que lembram o que se queria fazer...
vontade de você.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

_S.i.n.o.S_


Meus olhos saltam. Meu corpo se move inquieto: tem sede.
Escrevo aqui, reinvento, dentro-fora.

Minhas mãos trêmulas, percebidas e alinhadas, rabiscam versos;
noutro canto, canto uma canção - daquelas que lembram nossos tempos e revelam
todo explendor desse espírito que nos move.

Um papel é pouco para tantas palavras.

Uma dose é pouca para tantas idéias.

E só escrevo agora porque venta forte lá fora e está difícil
alçar um vôo mais alto nessa madrugada. Me lanço daqui de dentro e mergulho no
interior de todos nós. De todos que não se calam e não se acomodam no sofá
quando a tarde cai.

E não sei como se chama tudo isso que sinto e levo comigo, mas
digo:


ai de mim! se não fossem esses sinos que gemem aqui dentro e
não deixam
minhalma dormir...



segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Me abraça...



_Para o que se diz de primavera: flores. E como tu, vieste, em cores e tons a me encontrar. Mais ou menos assim, ao meu jeito.
_Perdi a fala. Encontrei teus olhos. E teu sorriso, que desarmado disparou a me tomar, de certo a me envolver. Desatinado em sorte, busquei me segurar, e quase a tropeçar pelas calçadas, tamanho torpor.
_Te encontrei assim. Visto pelos meus olhos, a doçura a escorrer pelo corpo, o brilho a refletir-se e embebedar-me muito antes de tocar teus lábios.
_E você me levou, noite a dentro, a quebrar qualquer vidraça que se opusesse a embaçar o que encontrávamos um no outro. Puro e claro, foi como permiti dizer do nosso encontrar, pela cidade apavorada e desprendida, por onde andávamos. E não víamos mais ninguém.
_A noite passeou suave, como as mãos entre os cabelos, entregando-se ao sol; calor que de lá raiava, espelhado em nossos corpos, despidos e amantes.
_E da noite - essa de primavera - digo: mais parecia aquela de verão, do primeiro olhar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Por que a gente é assim?

Ser humano: bichinho incompreendido e incompreensível.

Difícil, mais ainda quando existem batimentos cardíacos fortes.
E muito pior quando esses batimentos deixam de ser só cardíacos...

Vai entender.

"me espera. o trem já vai partir, eu sei. mas faço questão de deixar as malas nessa estação."

e continuar a viagem sem o peso das bagagens. bem pensado.