sábado, 25 de agosto de 2012

Sejas tu, no teu dia!

para Ana Helena

[Sejas tu, no teu dia!]

Que seja leve e doce esse seu ano novo!
Que seja em vento, 
em chuva fina de fim de tarde
em poesia mansa cantada ao pé do ouvido... 

Em olhos atentos a fotografar 

cada nova paisagem, cada novo olhar.


Que se faça em luz de velas
e de amanheceres coloridos
Que exista dentro e fora de você
entre cada ciranda que o tempo dançar.

Seja sorriso, sonho deitado na rede,
Por-de-Sol a beira-mar,
Nuvem a formar desenho no céu
Olhos brilhando no escuro.

Seja isso
e tudo mais o que desejar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Excuse me...



[Excuse me ...]


Paga el precio,
Compre el billete,
Tome un viaje.


Para hoy
este es el deseo
que refleje el azul del día:
como lo que sigue
y entre los que vienen ...


Reírse de uno mismo.


Conocer un nuevo parque,
comprender las raíces que se sumerjan en el suelo
y todas las ramas tratando de alcanzar el cielo.


Contar las hojas, los pájaros, las nubes,
Sin preocuparse demasiado
Como el resultado de los números.


Conde es acercarse a verse más alerta,
y no a la inversa.




[Marcus Vinicius Faro]
.

Com licença...
























[Com licença...]


Pague o preço,
compre o bilhete,
Viaje.


Por hoje
é esse o desejo
que se espelha no azul dos dias:
no que segue
e por entre os que virão...


Rir de si mesmo.


Conhecer um novo parque,
entender as raízes que mergulham no solo
e todos os galhos que tentam alcançar o céu.


Contar as folhas, os pássaros, as nuvens,
Sem preocupar-se demais
Com o resultado dos números.


Contar é fazer-se enxergar mais atento,
e não os outros sentidos.



[Marcus Vinícius Faro]
.

domingo, 3 de junho de 2012

"... in a hopeless place"














E o homem
Tão grandioso em sua própria maneira de pensar
Tão certo em suas incertezas
Tão miúdo perante suas falidas construções
Tão inumano.


Eu,
Porque sou menor
Sou menos humano
E mais gente,
Bicho,
Poeira de estrela
Ao sabor da neblina
de uma manhã de domingo.


Deixo o Tempo pensar em mim
Deixo o Acaso me soar a melodia
Enquanto a Vida, senhora da tríade,
Passo-a-passo, me ensina a dança
Enquanto a criança da noite
Balança os ponteiros das horas
E deixa amanhecer.


Tento a calma
Como companhia
Depois que você se despede e vai.
Eu vou...

E tudo o que sei é:
Teu nome,
Teu Sol e ascensão.
Ah, e os dois bairros que nos separam!


E como as gente faz?
A gente se esbarra...


Tenho fé.
Afinal,
Há tempos eu não via um beija-flor.

terça-feira, 8 de maio de 2012

[Subida]


[Subida]

Caminho
Passos lentos
Ouço o movimento que as ondas fazem
Invento um conto

Canto
O alento que há de ter
Em estar em paz
Em si
Respirar água

Inundar
Transbordando
Veias sangue sentidos
Peito abraçado

Na teia do tempo
Enquanto
Aquela voz do mar
Silencia

Segundos antes
Da onda estourar em meu peito.

[Marcus Vinícius Faro]

terça-feira, 1 de maio de 2012

segunda-feira, 30 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sangue Verde


Não quero a dor do punhal de prata
que me corta seco, gelado, quase indiferente.


Mas se é para me rasgar
o corpo, a alma, o peito,


Que me rasgue pela frente.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

... Do céu

"...
Calma
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
..."

[Moska]


terça-feira, 10 de abril de 2012

[En-torno]

[En-torno]

Amontoado de convicções,
Quase sem conseguir mover-se
Ou respirar,
Espalhado pelo assoalho.

Satisfeito das receitas,
Prontas
Postas à prova
Todas por sobre a mesa.

Esgotado,
Visto pelo reflexo do espelho
Que mais parece uma vidraça
Que tomou chuva.

Ele quer pouco:

Apenas o inevitável que paira
Ao seu redor, todas as dúvidas
Em movimento
E quem realmente (se) importa.

[Marcus Vinícius Faro]

segunda-feira, 2 de abril de 2012

[Zelo]


[Zelo]


Fecha teus olhos e vem.


Te estendo a mão,
te acalmo o passo, o passado.
Não pense.

Te sopro um sonho,
te abraço lento, e forte.
Não pare.

Te canto brisa e,
recostado em meu peito,
te aqueço um minuto mais.

Calma.

É preciso coragem
para passear no terreno etéreo da saudade.

[Marcus Vinícius Faro]

sábado, 31 de março de 2012

[Entre-atos]

[Entre-atos]

Uma dor desenfreada,
latente e inteligível,
se espalha e transborda
meu corpo

Não me dou por mim,

e,
há cinco minutos
as coisas eram outras.

Compassos... contrações.

Rimas, suor, espasmos
e o vento vem soprar
aumentando o contratempo

Sou o que contrai -e expande.

Movimentos bruscos.
Repetidos e insólitos.

Amanhece do outro lado da rua

E a cidade -
Apressada, cinza e crua -
Não me ouve os gritos.

Sufoco o de fora

Impulsionando o de dentro
Pedro, Paula, Maria, José...
Que nome dou agora?

Derramo a última gota do vinho.

Taça
Que estilhaça na mesa
É tambor para ouvidos surdos

Abraço o secreto

Que me beija e adoça a boca.
Litros de tudo
Escorrendo poros afora.

E agora?

Quanto tempo faltaria
Se houvesse hora pra contar?

Me encontro aqui:

Esse ser de fora, outra vez,
Não mais é um.
Só.

Os outros tantos observam.

Cuidam e acalmam
O que canto e ecoa no corredor.

Outono deitando folhas,

iluminando em sépia
o que outrora era seco.
Gentil Senhor da aurora.

Adormeço o corpo

Calo as metades outras
Sorrio ao que ressoa
e saio porta adentro:

Nasce outro eu de mim!



[Marcus Vinícius Faro]



segunda-feira, 26 de março de 2012

[Meu-Lírico]

[Meu-Lírico] 


Se eu pudesse te dizer uma palavra, eu diria música. 
Daquelas que surgem de repente. Que não se sabe ao certo de onde vem 
ou quem a escolheu. Aquela música que ninguém pensou, 
que dança no ar e toca e diz exatamente o que se quer dizer.



Se eu pudesse te dizer uma frase, eu diria me encontre no relógio. 

Lembrando de um filme antigo e deixando nascer jeito de atrasar seus ponteiros, 
por desejar que o Tempo pudesse tirar uma folga para tomar um café 
e nos deixar a sós

Andar mais lentamente -- nós e o tempo -- 
por entre o verde das horas.



Se eu pudesse, te diria fique arrisque me abrace. 

E ao passo de abraçar, te acenderia o olhar, te contaria um sonho 
debruçado em teu ombro e te roubaria um beijo 
no meio do caminho 

Manso e leve, 
sem pretensão ou qualquer outra coisa que não pudesse flutuar.

Se eu pudesse, penso com os olhos fechados, 
não te diria nada. 
Nada além do que foi dito,
Porque as palavras cantam cirandas a nossa volta

Sopram os cabelos 
e não é preciso pensar em nada além de estar. 


[Marcus Vinícius Faro]
  

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012