segunda-feira, 9 de julho de 2007

"a vida correndo e eu aqui..."


Eu não sei bem ao certo o que acontece. O que me invade os olhos de súbito. Só sei que o avistei mais uma vez. Ah, tanto tempo longe, sem notícias dele. O sol se pondo, indo dormir naquele infinito de águas, que mais parecia um espelho púrpura. E eu não sabia o que mais me levara àquele lugar. Talvez as saudades, talvez a vontade de me perder. De me encontrar fora dali. Fora de tudo por algumas horas. Enquanto caminhava na areia em sua direção, percebi suas asas se agitarem levemente. Ele não precisou se virar. Apenas ouvi a sua voz junto com o vento que soprava meus cabelos desajeitados: Sabia que poderia te encontrar aqui. É, e eu sabia disso também. Talvez aquela vontade repentina de voltar à praia era justamente por sentir que o encontraria ali. Nos alinhamos entre a areia seca e o espelho púrpura de águas. Sem olharmos nos rosto um do outro, nos vimos naquelas águas. E estávamos mais diferentes e iguais do que nunca. Eu me reconhecia nos seus olhos. Ele nos meus. E mais um turbilhão de coisas passava pela minha mente quase na velocidade-da-luz. Tanta coisa pra perguntar, pra dizer. Tanto futuro pra saber. Tanta nostalgia pra tirar dos bolsos pesados... Mas sentamos e esperamos o sol partir por completo. E quando o espelho se tornou prateado, fechei os olhos, e ouvi nos seus suspiros, todas as palavras que precisávamos trocar. E eu sei que também não precisava dizer mais nada. O olhos azuis-brilhantes se cruzavam sob nenhum suspeita. Sem nenhum segredo. Era hora de partir. Sorri. Um sorriso quase molhado, quase amarelo de saudade. No abraço, voamos o mais alto que poderíamos naquele momento. E ao tocar o chão, percebi que mesmo na distância, estaríamos sempre juntos. Porque era ele. Porque era eu...

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