segunda-feira, 23 de julho de 2007

Espiral...


"...se nada tem um fim,
quem é que fez o não,
se a nossa vida quer assim?

eu viajei no tempo só por você
e me perdi no final quando encontrei seu olhar
nossos destinos desenhando espirais,
eu entendi o sinal pelo seu jeito de rir pra mim..."



Pra que querer sempre entender o que se passa no coração, na mente?
É tão bom quando você se surpreende, se perde e se encontra tranquilo sentado à beira mar vendo um por-de-sol. É bom ver o sol na janela enquanto o mundo dorme...
Não espero demais, não espero. Não adianta querer amarrar ou mandar no Tempo...
Tempo é Senhor. E nós? Nós seguimos esperando um encontro. Um sorriso, um abraço.
Mas é o Tempo quem diz. E quando ele pousar no seu ombro como uma borboleta, você saberá que estou pensando em ti.
Deixe o sol entrar pela janela... Deixe o beija-flor te beijar e contar-te uma história ou um segredo ao pé do ouvido. Mande cartas, envie sonhos, cheiros, beijos e desejos.
E quando completar o dia, assista as estrelas que correm pelo céu. Compartilhe seus sonhos com a lua, e ela te contará os meus. Guarde com você. São seus também.
E eu viajarei pelo mundo, até encontrar o seu sorriso.
Tem muito mais nas entrelinhas, tem mais nos olhares. Mas deixo o Tempo falar por mim...
Enquanto ele silencia e sorri, lhe desejo bons sonhos.
Que os anjos cuidem de ti...


sexta-feira, 20 de julho de 2007

[quando o vento sopra os cabelos]

Se abraçaram como se fosse a última vez. Se entreolharam, sorriram. Algumas lágrimas escorreram pelo rosto. Já era noite e não poderiam mais ficar ali por muito tempo. Ainda deu tempo de olhar o céu e observar o passeio de uma estrela pela imensidão de veludo negro. Deram as mãos, porque realmente não sabiam o que fazer com elas. A sensação de tempo e espaço já não falava mais alto que os outro sentimentos. Naquele dia parecia tudo parado. Nenhuma brisa sequer. Pararam para prestar atenção no barulho do mar que quebrava suas ondas em areias distantes dali. Deram um passo, sem saber ao certo em que direção. Palavras trôpegas em função dos goles de vinho. Sim, era saudades o que sentiam. Mesmo estando juntos. Saudades, pensaram e repetiram baixinho. Quase uníssono. O tempo parou quando os olhos se entrecortaram. E sentiram vontade de estarem juntos, mesmo estando. Sentiram, mesmo sem perceber, vontade de se conhecerem. De novo, como se fosse ontem, como se fosse a primeira vez. Mas nunca a última. E não seria. Mesmo que o coração apertasse tanto que até fazia parecer que era. Um vento agitou as folhas das árvores ao redor. Soprou nas costas, nos cabelos. Espalhou e misturou os sentimentos deles em um só. Sabiam que o tempo esgotara. Era preciso partir. Despediram-se do espelho d'água já agitado. Despediram-se da grama. Despediram-se das saudades e depois as guardaram no peito, pra mais tarde rever. Despediram-se com olhares. E seguiram seus caminhos, nos mais completo e perfeito silêncio.

Além deles, só a Lua pode contar. Mas ela é cúmplice.

terça-feira, 10 de julho de 2007

"Sabe aquele país?!..."

"...quando eu não estiver por perto
canta aquela música que a gente ria
tudo que eu cantaria
e quando eu for embora você cantará
não me fale do seu medo
eu conheço inteiro sua fantasia..."


[Em meio à tantas cadelas, tchutchucas, pitboys, playssons, e outros adjetivos e caracterizações sim-pá-ti-cas como essas, ainda é possível conseguir viver. sozinho, trancado em casa. ou quase isso. na verdade, dá pra sair de casa, só não more longe, perto da barra e nem pegue ônibus as quatro da manhã. chegue atrasado no serviço, diga ao seu chefe que agora só pode trabalhar esse horário. tenho certeza que ele vai se com-pa-de-cer de você, porque na certa, ele vai de carro e não tem a metade do SEU trabalho para chegar ao trabalho DELE. disista de ter dinheiro... você vai perdê-lo na próxima esquina antes de chegar em casa. não pense no governo, nos 'calheiros', nas malas (e por que não dizer NOS malas, também?!), nos cofres, no dinheiro público. esqueça isso! agora é hora de pensar no Pan2007, nos turistas, nessa belezura toda que é esse espetáculo mundial do blá-blá-blá... vamos passar em frente a Vila PanAmericana, colorida, grande e aparentemente bem construída. Mas faça o retorno bem feito, afinal você não quer cair em nenhum lugar errado por ali... vamos posar para fotos como semi-primatas, vamos dar depoimentos sobre o rio para a televisão estrangeiras, onde eles não farão a menor questão de levar ao ar ou sequer colocar uma legandazinha (ao contrário do que nós fazemos). comprem todos os jornais, mas leia somente o caderno de esportes. não vai haver nada mais completo em matéria de conteúdo. deixe o Veríssimo, o Jabor de lado. eles não sabem nada de esportes mesmo... enfim, mude a estação para uma rádio mais animada, cheia de notícia im-por-tan-tís-si-mas sobre coisa-nenhuma, e com músicas bastante poéticas, esbanjando Lamboghinis, dinheiro, fama-efêmera, bundas, rabos, dinheiro, bundas (acho que já tinhas citados as bundas...). Sem contar no valor ao próximo, às mulheres, e a tudo que o mundo não precisa. afinal, mais dia ou menos dia o aquecimento global vai assar não só o cérebro alheio - como já tem feito. vai assar o planeta inteiro. mas quem se importa com isso?! afinal o LiveEarth foi ótimo mesmo... o-Rio-de-Janeiro-estava-precisando-de-um-puta-show-como-este-às-vesperas-do-Pan... e as garrafas de vidro e latinhas subiam excitadas ao céu, prontas pra cair sobre um despreocupado por ai. e qual era mesmo o motivo do show?! bem, deixa pra lá. se alguém quiser uma carona para a Lua, parto em dois dias.]


[qualquer semelhança com a realidade do nosso Brasil-varonil é mera... bem, você escolhe.]
próximo presente de natal: um tapete voador.


seria melhor se ele chegasse antes do Natal... que tal amanha?!
vontade de sair voando por ai...



"tantos outros mundos, tanto pra nós dois.
entre tantos mundos, entro e deixo o mundo pra depois..."
- e os dias que a gente sai do ar?!
- sair do ar?!
- é...
- *
- sabe quando você pensa tanto em tudo e de repente algo rouba sua atenção... toda.
- às vezes eu saio do ar também, então...
- hoje eu resolvi fazer isso. eu sai comigo mesmo pra passear... correr, na verdade...
- como você faz isso?
- eu não sei bem ao certo. mas hoje eu me convidei à ficar comigo... precisava dessa hora.
- é meio louco, isso, não acha?
- uhum, mas ser normal me irrita...
- quer passear comigo... agora?
- por uma hora?
- pelo tempo que você quiser...

ele aceitou. ela riu. conversaram até amanhecerem, ali, na praia... e depois nunca mais foram vistos.

tenho certeza de que foram passear por outros planetas. eles não perteciam a um lugar só. fiquei feliz quando se conheceram. e fico feliz por tê-los conhecido.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

"a vida correndo e eu aqui..."


Eu não sei bem ao certo o que acontece. O que me invade os olhos de súbito. Só sei que o avistei mais uma vez. Ah, tanto tempo longe, sem notícias dele. O sol se pondo, indo dormir naquele infinito de águas, que mais parecia um espelho púrpura. E eu não sabia o que mais me levara àquele lugar. Talvez as saudades, talvez a vontade de me perder. De me encontrar fora dali. Fora de tudo por algumas horas. Enquanto caminhava na areia em sua direção, percebi suas asas se agitarem levemente. Ele não precisou se virar. Apenas ouvi a sua voz junto com o vento que soprava meus cabelos desajeitados: Sabia que poderia te encontrar aqui. É, e eu sabia disso também. Talvez aquela vontade repentina de voltar à praia era justamente por sentir que o encontraria ali. Nos alinhamos entre a areia seca e o espelho púrpura de águas. Sem olharmos nos rosto um do outro, nos vimos naquelas águas. E estávamos mais diferentes e iguais do que nunca. Eu me reconhecia nos seus olhos. Ele nos meus. E mais um turbilhão de coisas passava pela minha mente quase na velocidade-da-luz. Tanta coisa pra perguntar, pra dizer. Tanto futuro pra saber. Tanta nostalgia pra tirar dos bolsos pesados... Mas sentamos e esperamos o sol partir por completo. E quando o espelho se tornou prateado, fechei os olhos, e ouvi nos seus suspiros, todas as palavras que precisávamos trocar. E eu sei que também não precisava dizer mais nada. O olhos azuis-brilhantes se cruzavam sob nenhum suspeita. Sem nenhum segredo. Era hora de partir. Sorri. Um sorriso quase molhado, quase amarelo de saudade. No abraço, voamos o mais alto que poderíamos naquele momento. E ao tocar o chão, percebi que mesmo na distância, estaríamos sempre juntos. Porque era ele. Porque era eu...